Para semear sonhos é preciso "tocar"...

"... a minha arte é 'tocar' as pessoas. 'Tocar' pela palavra, gesto, afeto, expressão, olhar, movimentos, etc.,nos seus pontos sensíveis, adormecidos, cristalizados, encantados. Eu consigo 'tocar' quando fui ou estou sendo 'tocado' por essa mesma pessoa."
Abel Guedes

quarta-feira, 17 de março de 2010

Diálogo interessante sobre ser mãe.

Uma mãe me escreveu e achei esta troca muito interessante, então decidi compartilhar!!!

A ela, obrigada por permitir esta riqueza que é a troca de experiência!
E um carinhoso abraço a todas as mamães!!!!
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Talvez você não compreenda agora, mas com certeza vai sentir essas emoções quando estiver com seu anjinho nos braços.
E como você escreve um blog, acredito que se interessa em ler textos de outros autores.


Solidão de mãe

A maternidade é uma solidão sem tamanho. Depois da festa do batizado, os conhecidos desaparecem. Podem até elogiar o bebê e fazer voz infantil em encontros esporádicos. Firma-se uma segregação silenciosa e terrível. É imposição de que a mãe saiba o papel naturalmente e possa suportar a desvalia. Enxergam o filho como um troféu, porém não reparam que o campeonato está no início. Talvez não seja por mal, muitas pessoas próximas se distanciam com receio de incomodar.

Nenhum homem entenderá, mesmo que seja participativo. O humor muda, o corpo perde a sua rigidez e fica tão cansado que nem encontra estímulo para o sexo.

Parece que não haverá saída. Mesmo com a babá, uma escapadela de quinze minutos e já se estará telefonando apavorada para casa, pedindo relatos detalhados dos últimos instantes.

Instala-se a culpa, culpa social de aproveitar a vida, pavor social de que possa vir a ser acusada de negligente. Claro que são fantasmas. Fantasmas da vulnerabilidade.

Ainda bem que ela tem um trabalho para pensar em outra coisa e se sentir útil. Imagina o que sofreram nossas avós?

Adianto, é uma fase provisória. Não é desperdício de tempo, ainda que raros a valorizem. O filho crescerá e descobrirá isso com seus próprios olhos.

Não desanime e procure se distrair. Estabeleça horários para a sua diversão, mesmo que seja um cinema sozinha ou um passeio no parque.

A questão é preservar o raciocínio, a confiança e o humor.

Diante das dificuldades, verbalize e destile veneno. Fale o que a incomoda de cara ao marido ou aos familiares, sem deixar que a preocupação se transforme em raiva reprimida.

A risada e a espontaneidade desestressam.

Não será o jornal ou a fofoca no cabelereiro que a deixarão feliz – se bem que eu não conseguiria viver sem os dois.

O primeiro passo é fortalecer a estima, comprar – por exemplo – flores que sejam para desperta a mudança. Ou escrever um diário para sujar bastante papel e exorcizar a carência.

Não aguardar, guardar as gentilezas.

Não se deixar levar pela rotina, como se não houvesse a possibilidade de algo novo em seu dia.

Não vale se confinar no quarto e se desculpar por antecipação, pois ninguém a entenderá.

Quantas vidas enfrentam uma situação semelhante? Os amigos surgirão da vontade de convivência, da empatia, da identificação, do seu bem-estar. Os amigos são seduzidos, assim como os amores.

A exclusividade apaga a personalidade.

Viver para o filho não é bom: deve-se aprender a viver com ele.



Fabrício Carpinejar

O Amor esquece de começar – Crônicas /2006


Eu me senti um pouco deslocada, minto, muito deslocada. Depois da gravidez que foi de risco, muito repouso, pré-eclâmpsia, ele com pressa de nascer, cesárea as pressas com oito meses. Quando ele surgiu nos meus braços confesso que não queria largá-lo, parar de olhá-lo por um segundo sequer que fosse. O tempo foi passando e eu me dedicando totalmente, integralmente pra esse ser que roubou meu coração desde quando ouvi o coraçãozinho dele bater.
Os amigos se distanciaram sim, o pai por mais presente, sempre me pareceu ausente. Os avós para as horas boas, dos primeiros bocejos, primeiros sorrisos, até vir as pimeiras travessuras, sentar, gatinhar, murmurar algumas palavras (mamã, papá, abua, que quer dizer água), mecher as mãozinhas dando tchau, o rostinho dizendo não ou sim. Mas na hora dos apertos é você, é a mãe que ele precisa, que ele quer, e que a gente acostuma eles a ter. E quando vi os amigos ja haviam se distanciado, a amargura reprimida, a solidão instalada, confinada no quarto, no apartamento, a carência como companheira.
Já não me lembrava da ultima vez que ri de gargalhar por uma bobeira qualquer, tudo era ele.
Agora quase um ano depois li esse texto, mas já havia me dado conta um tempinho atrás que preciso cultivar novamente meu jardim, para que as borboletas voltem a voar por aqui. Porque só ser mãe não basta a nenhuma mulher, preciso voltar a "seduzir os amigos" e aprender a viver com meu filho e não para ele.
Espero que ler isso te ajude, te lembre e de forças para sempre cultivar o seu jardim como vem fazendo. Porque Ilana desejo do fundo do meu coração que as borboletas do seu jardim nunca desapareçam. E que ele esteja sempre assim florido.

Beijos muita saúde pra vocês e tudo de bom!

M.
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M.,

obrigada pelo texto!!! E tb pelo seu depoimento!
Já ouvi muitas mães falarem das dificuldades que enfrentaram nos primeiros meses do bebê! Mulheres mais dinâmicas que até começaram ficar deprimidas por só cuidar do bebê...
Minha opinião neste momento talvez seja mais limitada por ser mais racional já que ainda não estou vivenciando esta etapa. Penso que esta fase todas as mães passam com seus bebês, pois eles são totalmente dependentes de cuidados e afetos, mas cada uma vai enfrentar do seu jeito! E quanto a mim, penso que foi eu quem fiz a escolha de engravidar e ter um filho, portanto devo arcar com as consequências e me esforçar para ver o lado positivo de tudo.
Ah! E tb manter minha crença no homem como um todo e que para ser feliz e saudável precisa-se de equilíbrio em suas partes (corpo-mente-emoção-espiritualidade). Não esquecendo que sou mulher, profissional, esposa e mãe.
Como semeadora de sonhos pretendo semear nos corações de outras mães o que é simples e bom, a beleza e o que há de divino em ser mãe. Para que elas se sintam bem e dêem todo amor, carinho, acolhimento e educação necessários ao seu bebê!

Tudo bem se eu colocar algo sobre esta nossa conversa no blog?

abraços
Obrigada
Ilana Galhardi
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Ilana
Tudo bem, eu até gostaria. Porque conheci muitas mães que na sua "solidão" buscam na internet, nos blogs, nos fóruns algo para despertá-las, para motivá-las e fazê-las relembrar desse primeiro momento que você falou a nossa escolha de engravidar e ser mãe. Concordo com você que que realmente nós mães nos dedicamos nos primeiros meses, queremos ser super mãe, por vermos esse ser tão delicado e indefeso totalmente dependente e às agimos como leoa defendendo sua cria.
Só não esquecendo que para uma mãe se sentir bem e dar amor, carinho, acolhimento e educação ao seu bebê, ela também necessita de muito amor, carinho e acolhimento.
Porque nós, todos nós, seres humanos por mais forte que sejamos ainda somos frágeis.

E realmente agora você está em outro estágio e curtir a gravidez, a espera, cuidar de cada detalhe, o nome, as roupas, o quarto, curtir cada ultrassom, ouvir o coraçãozinho batendo, ver esse serzinho se formando, sentir os movimentos, os chutes, a barriga crescer. É uma doce espera!

Abraços

Um comentário:

  1. Oi, Lan!
    Essa troca com outras mães é realmente muito especial! Eu sempre digo, e você já deve ter me ouvido, que eu me tornei uma mãe melhor com as trocas que fiz no fórum que participei e hoje no fórum que eu criei. Saber que todas nós passamos pelos mesmo nervosismos, medos, e extrema alegria nos deixa mais seguras de que SIM, nessa etapa da vida tudo isso é normal. E é um misto de sentimentos tão grande.... muito bom ter outras mãezinhas pra trocar experiências e a beleza da maternidade.
    O que eu posso dizer do texto acima é que essa "quase anulação" da mãe nos primeiros meses é uma coisa um tanto inevitável (natural até )e eu não acho assim tão ruim. É uma fase. Todas passam por isso. Por mais que se tente focar as energias em outras coisas nos primeiros meses, a demanda de energia da mãe que um bebezinho precisa é muito grande. Nos consome! Mas é temporário. Acho que vale a tentativa de manter uma rotina só sua e fazer coisas só pra você, mas não se frustre se não conseguir, pois não é das tarefas mais fáceis não. Agora com minha filha com 2 aninhos sei que eu passei por isso e não conseguiria ter feito diferente, e não me arrependo, não me sinto culpada. Meu jardim passou uns meses maravilhosamente florido e enfeitado por uma única linda borboleta, sim. Mas logo, aos poucos todas as outras borboletas voltam! :)
    Amo vocês 3!!!!
    Mari.

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