Para semear sonhos é preciso "tocar"...

"... a minha arte é 'tocar' as pessoas. 'Tocar' pela palavra, gesto, afeto, expressão, olhar, movimentos, etc.,nos seus pontos sensíveis, adormecidos, cristalizados, encantados. Eu consigo 'tocar' quando fui ou estou sendo 'tocado' por essa mesma pessoa."
Abel Guedes

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A árvore generosa.

Na quinta-feira anterior, dia 15, participei de uma roda de histórias e esta história em especial me tocou... Por isto compartilho-a com vocês!
Até discutimos um pouco sobre generosidade, amor materno, altruísmo...
Leiam e deixem serem tocados...
E depois reflitam!
Boa história!
Abraços


A árvore generosa.

(Do original de Shel Silvertein, Adaptado por Fernando Sabino)

Era uma vez uma Árvore que amava um Menino. E todos os dias, o Menino vinha e juntava suas folhas.
E com elas fazia coroas de rei. E com a Árvore, brincava de rei da floresta. Subia em seu grosso tronco, balançava-se em seus galhos! Comia seus frutos. E quando ficava cansado, o Menino repousava à sua sombra fresquinha. O Menino amava a Árvore profundamente. E a Árvore era feliz!
Mas o tempo passou e o Menino cresceu!
Um dia, o Menino veio e a Árvore disse: “ Menino, venha subir no meu tronco, balançar-se nos meus
galhos, repousar à minha sombra e ser feliz!" "Estou grande demais para brincar", o Menino respondeu. "Quero comprar muitas coisas. Você tem algum dinheiro que possa me oferecer?" "Sinto muito", disse a Árvore, "eu não tenho dinheiro.
Mas leve os frutos, Menino. Vá vendê-los na cidade, então terá o dinheiro e você será feliz!" E assim o Menino subiu pelo tronco, colheu os frutos e levou-os embora. E a Árvore ficou feliz!
Mas o Menino sumiu por muito tempo... E a Árvore ficou tristonha outra vez.
Um dia, o Menino veio e a Árvore estremeceu tamanha a sua alegria, e disse: "Venha, Menino, venha subir no meu tronco, balançar-se nos meus galhos e ser feliz". "Estou muito ocupado pra subir em Árvores", disse o menino.
"Eu quero uma esposa, eu quero ter filhos, pra isso é preciso que eu tenha uma casa. Você tem uma casa pra me oferecer?" "Eu não tenho casa", a Árvore disse. "Mas corte meus galhos, faça a sua casa e seja feliz." O Menino depressa cortou os galhos da Árvore e levou-os embora pra fazer uma casa. E a Árvore ficou feliz!
O Menino ficou longe por um longo, longo tempo, e no dia que voltou, a Árvore ficou alegre, de uma alegria tamanha que mal podia falar. "Venha, venha, meu Menino", sussurrou, "Venha brincar!" "Estou velho para brincar", disse o Menino, "e estou também muito triste." "Eu quero um barco ligeiro que me leve pra bem longe. Você tem algum barquinho que possa me oferecer?" "Corte meu tronco e faça seu barco", a Árvore disse. "Viaje pra longe e seja feliz!" O Menino cortou o tronco, fez um barco e viajou. E a Árvore ficou feliz, mas não muito!
Muito tempo depois, o Menino voltou.
"Desculpe, Menino", a Árvore disse, "não tenho mais nada pra te oferecer. Os frutos já se foram." "Meus dentes são fracos demais pra frutos", falou o Menino.
"Já se foram os galhos para você balançar", a Árvore disse. "Já não tenho idade pra me balançar", falou o menino. "Não tenho mais tronco pra você subir", a Árvore disse.
"Estou muito cansado e já não sei subir", falou o Menino. "Eu bem que gostaria de ter qualquer coisa pra lhe oferecer", suspirou a Árvore. "Mas nada me resta e eu sou apenas um toco sem graça. Desculpe..." “Já não quero muita coisa", disse o Menino, "só um lugar sossegado onde possa me sentar, pois estou muito cansado."
"Pois bem", respondeu a Árvore, enchendo-se de alegria. "Eu sou apenas um toco, mas um toco é muito útil pra sentar e descansar." "Venha, Menino, depressa, sente-se em mim e descanse."
Foi o que o Menino fez. E a árvore ficou feliz!

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